23 de novembro de 2016

Em algum lugar do tempo





Nunca entrei em uma máquina do tempo. Não faço ideia da sensação que deve ser avançar ou retroceder no tempo e nem os efeitos que a projeção ou nostalgia causa na pessoa. Não sei se é similar ao que vivi ontem ao visitar a minha avó. Todas as vezes que percorro o caminho, diretamente ao passado, abre um buraco de sentimentos confusos e, por vezes, sem que uma racionalidade explique.

Lá é uma terra sem wifi, televisão por assinatura, coloridos de casa moderna. A televisão exibiu uma tarja ontem lembrando que está chegando ao fim a transmissão analógica e que aquele aparelho não comporta a tecnologia digital. A tv que assistia no quintal não existe mais. Ali, apenas o suporte dela.
Pouca coisa mudou. Na verdade, pouco ganhou evolução. A casa abriu espaço para reformas de adaptação. De banheiro, de piso, de apoio, de cama, de iluminação. A acessibilidade ganhou espaço para vovó. Com 97 anos, Alzheimer e Parkinson, ela sobrevive a uma memória minha, que dói cada vez que a encontro.

Ali está uma estrutura física do meu passado. Voltar ali é rever minha infância, com casa cheia de primos e tios, um cachorro (que morreu quando eu ainda era criança), Domingo Legal e muito caranguejo que vovó fazia. Sempre gostou de cozinhar. E a gente sempre gostou de ir lá entrar na área da bomboniere.

Aliás, como tudo ficou pequeno, menos o aperto no peito. Os quartos pareciam maiores, assim como a parede que ostenta quadro dos netos – nunca estivemos lá. O muro que fingíamos ser cavalo parece mais um batente do que uma sela. As plantas, uma das paixões de vovó, foram morrendo pouco a pouco; as panelas, sempre brilhantes de tanto cuidado, estão encostadas e não são dignas de serem utilizadas para o cozimento de um alimento com restrições.

A barsa, essa sim, continua lá. A enciclopédia está, desde que me entendo por gente, no quartinho perto da copa. Ali é um amontoado de sobras, arquivos e mais um monte de coisa que passa batido no dia a dia. Apesar de conhecê-lo, nunca foi meu canto preferido. Era escuro demais e eu tinha medo.

Minhas referências estão naquela casa branca, com um arco na entrada. O aquário com iluminação rosa, o quadro que retrata a luz da lua no mar, os mesmos equipamentos eletrônicos, uma agenda telefônica azul e jogos de louça que orgulhava vovó. Poucas coisas permanecem lá. Minha infância, meu pai, vovó, as brincadeiras com os primos, os vizinhos das brincadeiras de rua, as festas juninas e natalinas, os senhores que moravam ali. Um deles, soube ontem, faleceu e fiquei em choque. Mesmo sabendo que já era um senhor, foi mais uma perda de ligação.

Pouco que está ali continua na minha rotina. Exceto o contato com minhas tias, parece que houve uma quebra entre passado e futuro. Fui ali rever vovó. Ela não me viu porque dormia e assim continuou enquanto conversava com tia e jantávamos. Soube de todas as novidades, acompanhei o estado de saúde de vovó, olhei para ela. Vi uma pessoa que sempre foi durona com criança, acordava de madrugada e tomava chá no pires, fazia bolinho de feijão com arroz e o pirão. Quando adolescente, eu ia lá uma vez por semana e comia o tradicional macarrão parafuso.

Vi o quanto a vida é curta, apesar do quase um século dela, nosso corpo, frágil. As pessoas ao nosso lado têm muito mais do que demonstram. Os relacionamentos são cíclicos e temos muito a receber e dar pelo próximo. Vi que a vida, nesses meus 29 anos, tem me mostrado o quanto sou bem pequena diante de tanta coisa que acontece e, prepotente, acho que a entendo.

Foram minutos fitando aquela senhora na camisola bem simples, ventilador, medidas reduzidas e um coçar de pernas que mais parecia um afago nela mesma do que uma agonia. Dei um beijo na cabeça dela, como sempre fiz depois que passei sua altura, disse que a amava e esperei virar a rua para chorar.


25 de outubro de 2016

Geraldinho

Hoje acordei com saudade de jogar Geraldinho no histórico videogame que tínhamos em casa. Era daqueles que travava e a gente tinha que assoprar o cartucho para voltar a funcionar.


Mainha, minha irmã e eu virávamos a noite jogando. O desafio era zerar o jogo, mas ficávamos rezando o tempo todo para que não faltasse energia e a partida fosse pro beleléu.

Lembro que eram 50 fases. Quando chegamos nessa bendita, percebemos que elas se repetiam. Ou seja, total de nenhuma novidade. Eram os mesmos desafios. Geraldinho, o protagonista, atirava uma bala achatada. Ele tinha um nariz enorme e usava roupa folgada, meio que caindo. A gente lutava contra umas coisas estranhas e dava altos saltos pra achar o melhor lugar para matar os inimigos.

Também com o videogame fizemos vários torneios de F1. Estava com a trilha doa circuitos na minha cabeça, assim como o pipipipi que ecoava quando passávamos o grid. Lembrei também dos Jogos de Verão e do Vôlei. Esse era incrível porque a gente se baseava mais na sombra da bola do que nela. E não sei o que tinha com os jogadores, mas eles mudavam a direção do braço e o adversário fazia um baita ace. Perdíamos.

Passou esse tempo e deu muita saudade hoje.

22 de agosto de 2016

Menos números

  
Que a gente se faça bem. Essa foi uma resposta que dei dia desses em um bar. E parece banal dizer isso, soa óbvio mesmo. Mas fiquei com essa frase na cabeça e pensando o que ela representa de fato.

Não sei bem quando surgiu modelo de relacionamentos e não vou recorrer ao Google para isso. Mas acredito que somos acostumados a querer a relação e nos esquecemos da qualidade dela. E aí viramos aquela loucura de “ta ruim, mas tá bom e eu tenho fé que a vida vai melhorar”. É um samba.


Respondi isso porque quero que mais valha o tempo junto à pessoa, seja em que relacionamento for, do que as horas computadas. Como se fosse um balanço de empresas, que a cada trimestre libera os dados. E fica realmente mais numérico do que sensorial.

16 de junho de 2016

Pacto

Vinte e nove anos, mentalidade de uma senhora e disposição de uma múmia. Tem uns exageros nessa conta, mas é bem por aí.

Nada como o ócio para se enxergar. Sair da rotina cheia de compromissos, aliada ao clichê de nunca haver disponibilidade de tempo, é uma armadilha invisível e perigosa. Mas não nos damos conta disso até vir a crise. E ela nada mais é que um alerta para que você se mexa. "Tem algo doendo, está incomodando, presta atenção a isso", alardeia. E tudo o que ela quer dizer é: mexa-se!

Somando os conselhos que recebi até ontem e filtrando o que pode ser projeção alheia (outro perigo) ou não, voltei a um plano de vida. Algo meu, só meu e que depende apenas de mim. Todos os desafios listados podem ser executáveis. Criei regras, metas e pequenas recompensas. Li que se fizermos tudo ao máximo de privação podemos ficar desestimulados.

Uma vez, à noite, rabisquei na minha parede tudo onque precisava no momento. Havia itens materiais, como maquiagem e tênis, e outros que diziam respeito à reforma íntima. Consegui apagar alguns deles porque consegui obter. O que pesa mais são os desejos a alcançar. Obter e alcançar são beeeeeem diferentes. Esses últimos também são difíceis de mensurar, confesso. Mas, sendo honesta, talvez eu já esteja caminhando para essa conquista. E digo mais: elas são eternas.

Na verdade, tudo é uma busca constante. Talvez não tenha graça viver sem criar novos objetivos e viver apenas comemorando uma conquista ja empoeirada. Somos movidos à ambição. Uma pena essa palavra ter se tornado tão pejorativa. Mas, filtrada, nos diz para continuar buscando, movendo, saindo. E seja de que jeito for.

22 de março de 2016

ZC

Sair da Zona de Conforto dói. E escrevo em caixa alta porque é quase nome de lugar, assim como bairro. É onde a gente se acostuma a ficar por razões diversas.

Porque é quente (embora nem sempre), já sabemos como é, com quem estamos, quais as dores, quais as alegrias, dominamos a rotina..e por aí vai. Já temos toda a dimensão de como viver na ZC.

É mudança de emprego, fim de namoro, ponto final em lances que notoriamente não estão te fazendo bem, troca de casa. O que não falta é raiz que a gente tem, especialmente quando o solo não é (mais) fértil. Até que um dia você muda. De forma espontânea ou não.

Meu exercício é mudar antes que a própria vida dê seu rumo, geralmente com dores e traumas - que podem ser digeridos e absorvidos como aprendizados.

Ontem saí de uma de minhas zonas de conforto. Resolvi participar de um grupo de mulheres que  jogam futebol. Lidei com timidez, vergonha, tensão de ser eacolhida para algum time. Depois só me preocupei em jogar. Por fim, queria apenas sobreviver e controlar meu coração disparado. Hoje já estou no segundo relaxante muscular, mancando e cheia de dor.

Mas estar em quadra e apenas focada em jogar bola fez um bem incrível. Problemas, medo, antigas dorese novas decepções ficaram lá fora. Suar me fez bem. Cientificamente, há a explicação dos benefícios, mas não vou me alongar nisso não.

Fato é que o inusitado fez bem. Sair do plano de "um dia farei alguma atividade" me fez olhar para fora de mim e dar trégua a sentimentos.

Saia você também. Desprenda-se do que faz mal sob o argumento de "tá ruim, mas tá bom". Encara começar tudo ou algumas coisas novamente. Ou de forma diferente. Mas encara muda esse check-in na Zona de Conforto.

22 de fevereiro de 2016

Não se vista como homem

Foi esse o pedido que mainha me fez ao ouvir minha ~opção sexual. Talvez choque e você leia já sentindo revolta e preparando os dedos para um comentário caprichado. Mas espera um pouco. Lê até o final.

Nós agimos de acordo com os recursos internos que temos e nem nos damos conta disso. Chorando, mas cheia de amor, ela me ouviu e tacou o pedido. Nunca havia convivido com o assunto, menos ainda tão dentro de casa. Tudo era novo. Pra mim, pra ela, pra minha irmã.

Cada uma viveu seu silêncio, pensamento, dor e outros sentimentos. Tudo para que hoje eu pudesse dizer tudo aqui e com essa segurança.

O assunto veio à tona hoje, enquanto tomávamos café da manhã. Eu nunca havia esquecido o pedido, que sempre cumpri sem sacrifício algum. Mas ela hoje perguntou se assisti ao documentário pernambucano "Bichas". Não, não vi.

Então, ela me disse "lembra que eu te pedi para não se vestir como homem? Então, queria pedir desculpas porque não quis limitar você. Vi depoimento de rapazes super infelizes, não podiam ser quem eram e não quero ter te causado isso".

Não precisou pedir desculpas porque não me causou dano algum. Mesmo que tivesse, merecia todos os perdões possíveis. Mainha e sister procuraram conhecer o ‘assunto’. Leram, procuraram ajuda, ouviram conselhos, se questionaram, aceitaram e me amaram.

O texto aqui não é por oportunismo, demagogia, nada. Que possa, na verdade e pretensiosamente, inspirar um pouco mães, pais, vós, vôs, primos, conhecidos, conhecidas. Despertar para o poder do amor, do respeito ao outro, à liberdade que todos temos. Homem, mulher, homem que se veste como homem ou como mulher. O contrário, o misturado, o que for. Ser quem é. E isso não é fácil MESMO. Mas fica muito mais leve quando seu entorno se permite conhecer o novo com você.



16 de fevereiro de 2016

Odarinha

16.02.2016

Tirando a repetição da dezena, que não vou nem me abalar para descobrir o que pode significar, a data está gravada em mim. Faz parte de minha vida, na verdade. Hoje, exatamente hoje, faz um ano que tivemos a difícil missão de deixar Odara ir. A decisão doeu como um golpe. Especialmente porque quando decido por mim e para mim, eu mesma assumo as consequências. Mas definir o rumo que ela teria era torturante e angustiante.

Não foi uma decisão apenas minha. Todos nós, que estivemos com ela durante os quase dois anos, decidimos juntos e, como não poderia deixar de ser, sofremos. Juntos e separados. Foram meses de total convívio com os cânceres. Pele, mama e pulmão. Lá estava a doença. Doía muito nela, mas não menos em nós. Criamos bazar, vendemos livros colecionados por anos e lixeiras de carro confeccionadas por uma amiga, comercializamos bebida no galo da Madrugada, criamos Vakinha, doamos parte de nosso salário e o possível e impossível de nosso tempo também. Doamos a ela, mas doamos a nós.

Cada etapa da químio, exame pré e pós, vacinas, táxis, caronas, banhos, entre outras atividades, era um aprendizado. De como união é a chave da vida, da importância do dinheiro para a saúde (e do quanto ele não vale nada diante da cura), do poder da rede social e dos amigos. Do acordar cedo para ministrar os medicamentos, preparar a vitamina, escovar os pelos que caiam com o tratamento, dos curativos, do afago para acalmar a respiração agitada. Dor, impaciência e alegria resultavam em aumento na tosse. Então, só carinho, calma, compaixão e companheirismo diminuíam a falta de ar dela.

Ela tinha um gênio que nenhum outro cachorro meu teve/tem. E olha que foram, pelo menos, sete bichos aqui em casa ao longo da minha vida. Quando Odara queria muito alguma coisa, não dava outra. Ela pegava, nem que fosse dentro da panela, no fogão, em cima da pia, do armário. Foram potes de manteiga, bandejas de carne, patês, salgadinhos, galinha, cuscuz, colher de pau..a lista é longa. Se ameaçasse tirar a fatia de presunto, por exemplo, não havia cristão que a fizesse comer. Orgulho puro. Nesse mesmo nível era a chantagem. Quando ficamos sem elevador, ela estava em tratamento. Ou eu a trazia no colo ou ela subia. Mas só quando era motivada por comida.

Com ela, pudemos vivenciar um pouco do efeito de um câncer. Não estou comparando humano x cachorros. É apenas nossa experiência. Entre soros, injeções, biópsias e coletas, muito amor nos olhos dela. E respeito. Pela sua dor, pelo momento que queria apenas ficar deitada na cama dela. Em muitas noites fui dormir me despedindo dela. E na manhã seguinte, aquela tosse denunciava que ela estava viva e animada.

Ironicamente, no último final de semana dela conosco, havia muita festa. Era Carnaval. E isso foi bom porque pudemos descer e comprar muitos espetinhos só para ela. Era uma despedida do jeito que ela gostava. Era uma lição de apego, orgulho, vaidade, amor e saudade. Era entender que não havia ânimo mais algum nela. Só dor e inquietação. O câncer estava sendo maior que ela.

Tentamos, avaliamos todas as possibilidades, rezamos, quisemos um milagre. Não veio. Os médicos olharam novamente os exames e as imagens eram as piores possíveis. Não tinha acordo, remédio fazendo efeito, tranquilidade, nada. Absolutamente nada. E a única alternativa foi te deixar ir. Segurei e me abracei a você durante todo o procedimento e cada vez que o tempo passava, eu queria mais. Reviver as brincadeiras, te causar ciúme, 'correr' com você, reclamar de seu catarro na minha perna e por me envergonhar com seus puns na frente dos médicos ou no elevador. Qualquer momento a mais.

Que dois anos, Odara. Tivemos amigos do início ao final dessa nossa convivência. Pessoas inimagináveis até, como médicos que barateavam ou não cobraram pelo serviço. A moça da barraca que topou vender as lixeiras, os vizinhos que perguntavam todo dia por você, colegas de profissão, parentes, amigos, pessoas de outros estados. Como sempre, gente! 

E conseguimos te oferecer o melhor que podíamos. E faríamos tudo novamente se voltássemos ao tempo. Iríamos na Avenida Cruz Cabugá apenas alimentar um animal que estava deitado na chuva. Depois era só até a chuva passar. E depois só até você estar apta para adoção. E nunca houve esse depois de nossa parte. Foi naquela noite. Era você. Era eu.


Minha torrinha:



















13 de fevereiro de 2016

Desilusão.doc

Hoje, em uma emergência hospitalar, descobri quando começou meu Currículo Lattes de Desilusões.
Estava olhando para a máquina de comidas da sala. É aquela de filme. Tem chocolates, salgadinhos, sanduiches, bebidas não-alcoólicas. E aí, claro, é só colocar a grana, pegar o produto e correr para o abraço. Na verdade, imagino que seja assim. Não ousei chegar perto do equipamento por motivos de vergonha. Emergência lotada de pessoas quase transformadas em zumbis, mas que ficam de olho em quem vai pra máquina e não perdem um só movimento. Tão cheia que, se eu ainda usasse o Tinder, era possível sair já casada daqui.
Voltemos! Ao olhar para a máquina, lembrei daquela beeem antiga e cheia de urso, relógio, rádio, guloseima. Funcionava assim: o ser colocava a ficha, pegava a manivela e levava o gancho para o item que queria, mesmo lutando contra o tempo da máquina. Depois selecionava, pegava o produto e exibia pras amigas da escola. Seria assim.
Realidade:
Otária compra a ficha >> direciona a manivela para o urso >> ela finge pegar o brinquedo, sobrevoa um relógio e levanta vazia >> vem balançando até o final do percurso meio que comemorando seu fracasso >> tente outra vez.
É aquele vai vai vai vai vEPAAA volta volta e foi. O quase vai. Aquele 99% de agora vaiiii e o 1% que vem sorrateiramente, faz a ola e ainda grita olééééé.
Foto: Google

12 de fevereiro de 2016

Quase 30

Cheguei aos 29 e, como péssima aquariana que sou, daqui a pouco começo a me preparar and preocupar para a crise dos 30. A tão falada.

Mas ainda falta um ano. Sendo assim, posso me ater apenas à comemoração mais inesperada de meu aniversário, na última terça-feira. Sim, a de Carnaval. Logo eu, que ainda estou descobrindo se e o quanto gosto da festa, tive que lidar com esse repetitivo fato de viver minha virada de ano junto com o profano (?). Mas começar a madrugada de aniversário com um abraço de mãe e ligação de irmã só podia ser sinal de dia bom!

Estabeleci como meta só sair de Olinda no dia seguinte. Puro blefe. Nunca passo das 19h nas ladeiras. E eis que só saí às 22h. E, se houvesse mais algo por lá, continuaria.

Encontrei tanta gente. Se fosse festa minha, seria capaz de isso não acontecer. Marquei, desencontrei, vi com sorte da vida...teve gente que foi apenas para me ver. E pegou aperto, suou, mas estava lá. Ri, ri, ri! Ri muito, ainda mais quando se consegue integrar amigos que nunca se viram e ficam entrosados pelo elo da simpatia.

Ontem à tarde percebi que não havia recebido nenhum presente. Acabou a chance de fazer aquela foto na cama cheia de embalagem de lojas de perfumaria, roupa..hahaha. Anos passados ganhei coisas incríveis de pessoas importantes. Este ano foi diferente.

Meus presentes estavam expostos nas homenagens no Facebook, nas conversas no WhatsApp e ligações - muitas não atendidas porque estava na rua. E não estou falando de relações virtuais ou distantes. Vivemos tecnologia, então usemos e abusemos da ferramenta para isso também. São contatos próximos e/ou que estão de reaproximando.

Foi um Carnaval de reencontros e recomeços. De uma relação nossa: minha comigo.

Mas, acima de tudo, de perceber que o meu maior presente é gente!

Foto: Google

2 de fevereiro de 2016

Aquariana

Signo: aquário
Ascendente: peixes

Realidade: drama e apego de peixes, individualidades momentâneas de aquariano, toc de geminiana e sabe Deus o resto.

Se aquariana eu fosse, seria este gato abaixo:

(Foto: Efeito Animal)

31 de janeiro de 2016

Vida, sua lôka

E o que falar da vida, essa danada que tem vontade própria e ritmo bem pessoal and arbitrário?
Se tem uma coisa que aprendi neste mês é a não fazer planos de curto prazo. Nada  de planejar para semana que vem, o final de semana seguinte ou quem participará de todos esses esboços.
Hoje, meu plano era ver Netflix e diminuir minha lista de filmes e documentários selecionados, comer Nutella, trabalhar um pouco. E adivinha?
Fui ao show de Aviões do Forró no Olinda Beer a convite de uma amiga que estava a trabalho, passeei com as cachorras e comi pizza. Exatamente como planejei. Porém, bem diferente.
E foi incrível, ainda mais pela falta de pretensão de um domingo. Talvez esse seja um dos caminhos para o combate à ansiedade e, mais que isso, entender que não somos tão donos de nossa vida.
Então, meta para este mês: não planejar e economizar granas. Aguardemos.

28 de janeiro de 2016

Efêmero

Ontem, ao visitar minha avó paterna, que tem Alzheimer e Parkinson tive um leve choque ao perceber o quanto o esquecimento dela se agravou. Perguntou quem eu era e disse que nem filho tinha – o que não justificaria eu afirmar ser neta dela. No tempo de comer um pão com ovo.

Ela disse que sabe arrumar a casa e cozinhar como ninguém. Sobre o Carnaval, disse que os pais dela não permitem que ela vá para a folia. Ficou em choque quando ~descobriu~ ter 96 anos. 

Segundo os médicos, ela vive mesmo essa realidade. De fato acredita morar com os pais e ser mais nova que todo mundo. O ideal, diante disso, é não contestar para não gerar estresse nela. É desnecessário, até porque ela acaba esquecendo logo depois.


O que não pode apagar em mim é o alerta do quanto somos efêmeros, instantes, hoje. Revi todos os vizinhos de vovó, que se espantaram porque “tão duas moças enormes”. Eu, particularmente, não lembrei de uma parte do pessoal, mas minha irmã arrasou na memorização. Revivi, na verdade, momentos naquela calçada. Tudo lá e na casa parceria maior, gigante, inalcançável. Ontem, as dimensões estavam reduzidas.


Damos (eu dou) proporções enormes a situações que podem facilmente ser administradas porque dependem apenas de nós. E geralmente sabemos o certo a fazer e a sentir. Mas lidar com o que foge e nossos dedos, isso sim, é desafiador.













27 de janeiro de 2016

Vráu


>> Não me distancio muito de mim
E quando saio não vou longe
Fico sempre por perto <<
O que tanto a vida me manda aprender: seguir minhas intuições. Finalmente, anotado o recado, caro Deus.

25 de janeiro de 2016

O abraço

Aprendi a abraçar em um curso que fiz há uns dois anos. “O melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”. Preguiça danada desse clichê que legenda tooodas as fotos do Instagram agora...zzz

Voltando..achei que soubesse abraçar e já recebi inúmeros afetos e carinhos através dele, é verdade. Óbvio que também já ganhei aqueles momentos gélidos e que não queriam expressar carinho algum. Coisas desse mundão de Deus. Mas ontem, revivendo esse curso que fiz, passei uns dois minutos abraçado a um rapaz que nunca vi e talvez não o encontre facilmente. Lembro o primeiro nome, mas ele não deve nem sonhar com o meu. Porque ali não importava a identidade do outro, cargo, objetivos, dramas, penas, nada. Valeu, apenas, a conexão entre dois seres sem interesse algum, exceto receber e retribuir um carinho gratuito e desprendido.

Acho que não abraço o tanto quanto deveria. Meta interna: negar menos esse colo.

24 de janeiro de 2016

Siiiiiiimmmm

Talvez eu fosse bem feliz se houvesse um espírito carioca de década a atrás nas prévias carnavalescas. Seria bem incrível levantar os dedos, segurar um copo de cerveja e cantar Cartola.
Mas pode ser Nelson Sargento ou o Cavaquinho também. Beth eu já vi, mas continuo querendo vê-la novamente da mesminha forma.

Tive esse devaneio agora, ao ouvir o novo projeto de Teresa Cristina cantando quem? Isso. Cartolinha ♡

Como não amar uma música como "Sim"?

< Não há exceção
Quando voltam à realidade
Conseguem perdão
Porque é que eu Senhor
Que errei pela vez primeira
Passo tantos dissabores
E luto contra a humanidade inteira >>


17 de janeiro de 2016

Não são dez dias


E é tudo novo de nooooovooo, como já diria a canção de alguém. Na minha postagem de final de ano e recomeços, vi que tenho o blog há dez anos. DEZ ANOS!


O tanto de coisa que aconteceu em uma década e eu não me dei conta disso no dia a dia. Dez anos atrás era 2006 e eu estava na faculdade de Jornalismo e cheia de certezas, conceitos e respostas prontas. Cá estou eu completamente diferente. Sem resposta pronta para assuntos importantes, revendo conceitos, quebrando outros, criando novos, reforçando alguns que estavam esquecidos ou que foram encobertos por nuvens de irracionalidade.

Cortei cabelo, alisei, deixei crescer, engordei, emagreci, namorei, não-namorei, aprendi a andar de skate (a ficar em pé, pelo menos), tive cachorros, alguns morreram, me conheci e não me reconheci também, mudei o nome do blog, alterei layout (e ainda estou chateada porque o título está na desnecessária caixa alta), perdi e ganhei pessoas, sofri censuras aqui neste recinto, conquistei emprego, fui desligada, troquei de endereço, reformei quarto, viajei, marquei território em terra firme, ganhei novas experiências e desafios, me tornei fã de algumas bandas, passei a ignorar outras. 

E daqui a dez anos é bem provável que eu ainda esteja descobrindo quem sou eu nesta singela existência. Mas o que importa é viver.

E, para isso, tomei uma decisão muito séria em minha vida: experimentar. Novas roupas, atividades, lugares, programas. Experimentar - e adotar -  agir com honestidade. Calma! Não precisa agora sair guardando a carteira, o celular e as jóias. É a difícil missão de ser transparente comigo. A partir daí eu posso também ser com o outro. Não importa se é uma relação corporativa, de família, de amor, romancinho ou tico tico no fubá.

Li, há dois anos, um livro que falava que só encontraremos no outro aquilo que está em nós. Contestei, contestei e até continua questionando. Mas agora começa a fazer sentido. Atraímos aquilo que somos? Ou temos, com a consciência de quem somos, selecionamos quem vem para ficar ou quem se hospeda para uma temporada?

Btw, o que importa, neste minuto em que estou esparramada no chão do quarto e digitando com apenas uma mão (a outra está ocupada afagando Aurora), é que devemos celebrar esta década. Na vida e no blog. Ele foi criado com apenas um objetivo: conseguir dizer por meio dos caracteres o que não sai de forma oral. Ou sai em meio a frases desconexas e desarticuladas. Mas o que importa é digerir e expor. Como isso aqui:

Abre de um dos capítulos de Quarentena Amorosa



15 de janeiro de 2016

Relax, Take It Eeeeeeeeeeeeeeeeeeasy

Clima de sexta e o clima poderia ser Anitta, Aviões, ou Safadóón. Mas estou no looping com o refrão:




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