Descobri que, aos 24 anos, estou velha. A coluna já vinha avisando que minha idade gira nos 50, mas ontem foi a confirmação que faltava. Fomos ao The Pub comemorar o aniversário da minha irmã. Óbvio que não é minha vibe, mas fui por ela.
Fui toda trabalhada na finura: vestido tomara-que-não-caia-esta-porra e salto fino. Lá fomos para a boate. Claro que ela estaria com uma fila. Ali já saquei a quantidade de menina-escovada-e-chapeada e menino-marombado-de-camisa-apertada. Mas, ok. Não é preconceito, mas é o perfil da zona sul, acho. Eu, que sou zona norte/centro, frequento lugares mais despojados.
Depois de conferir a identidade (e eu, pretensiosamente, achando que correria o risco de o segurança perguntar se eu JÁ tinha mesmo idade para estar ali), entramos. Um vazio. Ainda. Enquanto enchia e meu cunhado roubava uma mesa reservada, fui me familiarizando e até arrisquei uns passos por ali. A discotecagem era péssima. Na verdade, acho que nem tinha dj, mas alguém com uns cds soltos. Depois de muito reagge, deram o play em Nação Zumbi. Aê! Comecei a cantar e dançar junto com meu cunhado até perceber que, mesmo já cheio o salão, só nós dois estávamos dançando e cantando. As pessoas desconheciam Nação, menos Maracatu Atômico. 'Que nada', pensamos. Depois comentamos: 'mas que lugar, hein? Se não fosse por ela...'
Boate cheia e pronta para esperar No Falo Americano. Já tinha lido algo sobre a banda, mas não conhecia bem. Eles tocam todas as músicas que fazem sucesso, desde brega a Mamonas Assassinas. Ah, ainda anunciaram que cantariam 'rock' e soltaram um Raimundos. Um aperto sem tamanho. Tava pior que carnaval. Meu lado velho se manifestou, dei um chilique e fui para uma área menos cheia.
Enquanto isso, fui analisar o público. Faixa etária de 12 anos, só pode. Sério. Só tinha criança. Isso era notório pela fisionomia e pelas brincadeiras. Soube hoje que Taty passava por uma menina que tentava beber tequila. Toda errada, com sal no guardanapo e não no copo. Quando Taty explicou, ela "séeeeeeeeeriooo?"
Já criamos até o diálogo da menina hoje: "meu, tipassim, tava bebendo lá no The Pub e uma coroa veio me ensinar a beber tequila. Cara, foi muito demais. Bebi mais três doses e, quando vi, o Phellipe Albuquerque, do 2ºB, tava dançando com Carol - aquela da 8ª C, lembra?"
Fiquei ali, comedida, observando e sentindo o calor. Dei um giro para saber se havia algum vento. Nada. Voltei, cantarolei mais um pouco e fiquei pensando no quanto eu não tenho a energia dessa 'garotada'. Os pés latejavam, eu não achava apoio e, discretamente, os tirei. O calor não estava me fazendo bem e cheguei pro meu cunhado procurando Taty, que tava em algum lugar resgatando uma amiga que bebeu um tanto. Ia esperar ela voltar para anunciar o fim de minha noite. Não deu tempo de falar nada. Encostei no meu cunhado e disse: "to passando mal e vou desm...". Não, não desmaiei, mas fiquei naquela frescura de apaga-volta.
Pronto. "A coroa não sai para dançar, acha que veio ver The Fevers, bebeu e tá agora sendo carregada", devem ter pensado os pirralhas. A pressão caiu geral e saí andando, escorada em minha irmã e no cunhado. Nem bem conseguia raciocinar e abrir os olhos. Lá fora, ao sentir uma brisa, comecei a melhorar. Enquanto esperava pagar a conta, para meu espanto, tinha gente esperando vaga para entrar (!!!).
Uma funcionária veio perguntar o que eu tinha bebido. Ai, o julgamento...Disse logo que era o calor e que a casa estava cheia demais, que não havia espaço. Voltamos e estraguei a noite de comemoração da minha irmã. Em casa, deitada, mainha e Taty me olhavam com cara espantada, diante de minha palidez. Hoje, ainda bem, estou melhor. Estou só devendo uma 'noitada' com a minha irmã. Espero que seja algo mais compatível com nossa idade!
P.s: Taty, parabéns. Como é coisa boa, posso burlar a censura do blog. Te amo muito.