31 de maio de 2011

E o que é diversão?


Domingo, na Cidade Alta de Olinda, ao sair de um restaurante, passamos por uma rua estreita. Estreitíssima, na verdade. Para completar, muitas pessoas na rua. Montaram uma tenda, mesas e cadeiras e tascaram um brega em alto volume. Abaixei um pouco o vidro e comecei a dançar no carro, argumentando que as pessoas estavam se divertindo. Ouvi: “divertindo?”

Fiquei pensando nisso e tentando construir meu argumento para dizer que sim! as pessoas se divertem daquela forma. E de tantas outras. Como não? Só porque o ritmo era brega e as pessoas de baixo poder aquisitivo? Só os afortunados têm chance de se divertir? Só eles podem pagar um abadá caríssimo, como na Bahia, ou comprar camarotes em qualquer show (aqui já ta virando moda também)?

Diversão, ao meu ver, é qualquer coisa que tire uma pessoa de sua rotina cansativa, de um problema, de uma dor e até de si mesmo. É um estado de alegria e prazer (desde, claro, que a diversão da pessoa não seja matar, roubar..).

Quem sabe aquelas pessoas suam a semana toda esperando ansiosamente por um domingo porque sabe que vai reunir vizinhos e parentes e conversar sobre qualquer coisa? Ou quem sabe a pessoa se diverte a semana toda e quer continuar no domingo?

Graças a Deus, diversão é inerente à classe social, cor, sexo e credo. É algo pessoal e que, por mais que não gostemos, temos que respeitar. Tem gente, como eu, que se diverte virando a noite acompanhada de um livro. Preciso mesmo estar nas festas grandiosas da cidade para garantir que meu final de semana foi ó-ti-mo?

Não. Preciso apenas fazer o que me dá prazer.

22 de maio de 2011

Só para tricolores

Voltei, às 22h50, para o computador para expressar minha indignação com o preconceito que nós, tricolores, sofremos hoje, dia da #carreatacoral. Estive offline durante um período e, ao voltar ao twitter, fiquei pasma ao ler tantas postagens com apenas um objetivo: humilhar os torcedores do Santa Cruz, que são pobres. E é por esse motivo que rubro-negro preconceituoso não deve ler esse post porque ele é feito para pessoas, e não classes sociais.

Ando de ônibus, já fui mais pobre do que sou e sou tricolor. Isso não é exclusividade minha. Uma grande parcela dos tricolores também. Da mesma forma que outros possuem carro e têm condição social melhor. Isso os fazem melhores? Inferiores? Não. Faz apenas eles não usarem transporte público e usufruirem de outras coisas. O torcedor do Santa Cruz é aquele que pertence ao povão. São pessoas que lutam, se sacrificam e garanto: tem um humor invejável. Passamos cinco anos sem ganhar títulos - e vocês, rubro-negros, se orgulham ao dizer isso. Mas sentem uma inveja danada porque, mesmo diante desse jejum de conquistas, colocamos mais de 62 mil torcedores no Arruda, no dia em que tiramos de vocês o hexa - que, agora, vocês esnobam. Ah, também lotamos facilmente o Arruda em qualquer jogo. Não se sintam honrados. Vamos pelo nosso time e não por vocês.

Tenho certeza que todo tricolor conhece ou tem amigo rubro-negro. Eu tenho e sou amiga de muitos. Viu? Não dói ser amiga de um rival futebolístico. Dói ser amiga de alguém que, num momento de inveja e decepção, tira a máscara e põe para fora todo o preconceito guardado, bem escondidinho atrás dos 39 títulos que vocês tanto falam. Bom para vocês. Nós não temos todos esses títulos, não ganhamos a Copa do Brasil e também não dividimos o Campeonato Brasileiro de 1987. Não adianta esse 'orgulho' todo que vocês sentem se não sabem usá-los em benefício próprio. A mesquinharia de vocês derruba qualquer glória.

E nem queremos imitar vocês. Somos tricolores. Só isso. Não somos bons, santos..nada disso. Somos apenas tricolores. Brincar é uma coisa; humilhar é outra bem distante. Portanto, respeitem.

15 de maio de 2011

Velha

Descobri que, aos 24 anos, estou velha. A coluna já vinha avisando que minha idade gira nos 50, mas ontem foi a confirmação que faltava.  Fomos ao The Pub comemorar o aniversário da minha irmã. Óbvio que não é minha vibe, mas fui por ela.

Fui toda trabalhada na finura: vestido tomara-que-não-caia-esta-porra e salto fino. Lá fomos para a boate. Claro que ela estaria com uma fila. Ali já saquei a quantidade de menina-escovada-e-chapeada e menino-marombado-de-camisa-apertada. Mas, ok. Não é preconceito, mas é o perfil da zona sul, acho. Eu, que sou zona norte/centro, frequento lugares mais despojados.

Depois de conferir a identidade (e eu, pretensiosamente, achando que correria o risco de o segurança perguntar se eu tinha mesmo idade para estar ali), entramos. Um vazio. Ainda. Enquanto enchia e meu cunhado roubava uma mesa reservada, fui me familiarizando e até arrisquei uns passos por ali. A discotecagem era péssima. Na verdade, acho que nem tinha dj, mas alguém com uns cds soltos. Depois de muito reagge, deram o play em Nação Zumbi. Aê! Comecei a cantar e dançar junto com meu cunhado até perceber que, mesmo já cheio o salão, só nós dois estávamos dançando e cantando. As pessoas desconheciam Nação, menos Maracatu Atômico. 'Que nada', pensamos. Depois comentamos: 'mas que lugar, hein? Se não fosse por ela...'

Boate cheia e pronta para esperar No Falo Americano. Já tinha lido algo sobre a banda, mas não conhecia bem. Eles tocam todas as músicas que fazem sucesso, desde brega a Mamonas Assassinas. Ah, ainda anunciaram que cantariam 'rock' e soltaram um Raimundos. Um aperto sem tamanho. Tava pior que carnaval. Meu lado velho se manifestou, dei um chilique e fui para uma área menos cheia.

Enquanto isso, fui analisar o público. Faixa etária de 12 anos, só pode. Sério. Só tinha criança. Isso era notório pela fisionomia e pelas brincadeiras. Soube hoje que Taty passava por uma menina que tentava beber tequila. Toda errada, com sal no guardanapo e não no copo. Quando Taty explicou, ela "séeeeeeeeeriooo?"

Já criamos até o diálogo da menina hoje: "meu, tipassim, tava bebendo lá no The Pub e uma coroa veio me ensinar a beber tequila. Cara, foi muito demais. Bebi mais três doses e, quando vi, o Phellipe Albuquerque, do 2ºB, tava dançando com Carol - aquela da 8ª C, lembra?"

Fiquei ali, comedida, observando e sentindo o calor. Dei um giro para saber se havia algum vento. Nada. Voltei, cantarolei mais um pouco e fiquei pensando no quanto eu não tenho a energia dessa 'garotada'. Os pés latejavam, eu não achava apoio e, discretamente, os tirei. O calor não estava me fazendo bem e cheguei pro meu cunhado procurando Taty, que tava em algum lugar resgatando uma amiga que bebeu um tanto. Ia esperar ela voltar para anunciar o fim de minha noite. Não deu tempo de falar nada. Encostei no meu cunhado e disse: "to passando mal e vou desm...". Não, não desmaiei, mas fiquei naquela frescura de apaga-volta.

Pronto. "A coroa não sai para dançar, acha que veio ver The Fevers, bebeu e tá agora sendo carregada", devem ter pensado os pirralhas. A pressão caiu geral e saí andando, escorada em minha irmã e no cunhado. Nem bem conseguia raciocinar e abrir os olhos. Lá fora, ao sentir uma brisa, comecei a melhorar. Enquanto esperava pagar a conta, para meu espanto, tinha gente esperando vaga para entrar (!!!).

Uma funcionária veio perguntar o que eu tinha bebido. Ai, o julgamento...Disse logo que era o calor e que a casa estava cheia demais, que não havia espaço. Voltamos e estraguei a noite de comemoração da minha irmã. Em casa, deitada, mainha e Taty me olhavam com cara espantada, diante de minha palidez. Hoje, ainda bem, estou melhor. Estou só devendo uma 'noitada' com a minha irmã. Espero que seja algo mais compatível com nossa idade!

P.s: Taty, parabéns. Como é coisa boa, posso burlar a censura do blog. Te amo muito.

2 de maio de 2011

Terrorismo

Acordei hoje com a notícia da morte de Osama Bin Laden. Acredito que minha reação foi igual a de todo mundo: surpresa. Daí em diante, as reações começaram a divergir: uns comemoravam, enquanto outros lamentavam a perda. Mantive-me isenta, acho.

Pode ser que me falte, na verdade, conhecimento de causa para defender um argumento que me leve a ser contra ou a favor dos lados envolvidos. No entanto, acho que, na verdade, falta-me vivência nos dois lados para, assim, poder julgar melhor - se isso é possível. Estamos falando de patriotismo e religião. Como eu reagiria se alguém que amo ou que nem conheço fosse atingido na minha cidade por um avião? Como seria ver alguém criticar minha religião, meu modo de viver, além de ofender um líder?

Não, não compactuo com mortes, mesmo. Não acho nenhum motivo que justifique matar uma pessoa. Não creio que eu ia conseguir dormir tendo no currículo a quantidade de morte provocada por Osama e a que Obama anunciou sob seu comando. Só acho que não me cabe julgar uma cultura tão diferente da minha, uma história que só sabe quem vive no dia a dia. Só quem vive sob esses dois regimes é que é capaz de julgar e, ainda assim, não sei se deve porque a neutralidade vai pro espaço.



© Tacyana Viard 2012 | Blogger Template by Enny Law - Ngetik Dot Com - Nulis