7 de julho de 2014

Aspas da vida



Dia desses estava ouvindo Pedro Miranda e um trecho de suas excelentes músicas (ou cantadas por ele) dizia “falso malandro quis ser mais esperto que a própria esperteza”. Fiquei pensando nisso e contextualizando ao dia a dia da gente.

Estamos em um mundo cujo sinônimo de esperteza é “se dar bem”. Tudo aspeado mesmo, porque há uma ilusão tamanha em conquistar pequenos “êxitos”. Ai, aspas de novo. Quem comemora essas vitórias são aqueles que furam fila porque foram espertos e encontraram algum amigo próximo ao caixa ou porque utilizaram força bruta para isso. São aqueles também que, numa matemática fora do comum, lucram em cima de outra pessoa. Também, e como esquecer?, que furam sinal, jogam carro, passam pela faixa de pedestre como se estivessem em uma BR. Há aqueles também que viram o jogo. Não aqueles de tabuleiro, resta um, war ou banco imobiliário (de máquina de crédito/débito ou notas promissórias).


Esse esperto é aquele que tem os conceitos invertidos. Comemora atos e feitos que deveriam, na verdade, envergonhar a si mesmo. É aquela pessoa safa pelas regras atuais. Aqui, no famoso “pé no bucho e mão na cara”, vence aquele que se acha sincero por dizer tudo o que pensa e no tom que quer; que vence no grito e escândalo; que articula para que os outros o apoiem com apenas uma versão distorcida das coisas; que esoalha o fato antes de todo mundo. Enfim. Esses existirão sempre. O oposto, não, porque é difícil se manter coerente com leis cristãs e/ou éticas diante de tanta esperteza.
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