Dia
desses estava ouvindo Pedro Miranda e um trecho de suas excelentes músicas (ou
cantadas por ele) dizia “falso malandro quis ser mais esperto que a própria
esperteza”. Fiquei pensando nisso e contextualizando ao dia a dia da gente.
Estamos
em um mundo cujo sinônimo de esperteza é “se dar bem”. Tudo aspeado mesmo,
porque há uma ilusão tamanha em conquistar pequenos “êxitos”. Ai, aspas de
novo. Quem comemora essas vitórias são aqueles que furam fila porque foram
espertos e encontraram algum amigo próximo ao caixa ou porque utilizaram força
bruta para isso. São aqueles também que, numa matemática fora do comum, lucram
em cima de outra pessoa. Também, e como esquecer?, que furam sinal, jogam
carro, passam pela faixa de pedestre como se estivessem em uma BR. Há aqueles
também que viram o jogo. Não aqueles de tabuleiro, resta um, war ou banco
imobiliário (de máquina de crédito/débito ou notas promissórias).
Esse
esperto é aquele que tem os conceitos invertidos. Comemora atos e feitos que
deveriam, na verdade, envergonhar a si mesmo. É aquela pessoa safa pelas regras
atuais. Aqui, no famoso “pé no bucho e mão na cara”, vence aquele que se acha
sincero por dizer tudo o que pensa e no tom que quer; que vence no grito e
escândalo; que articula para que os outros o apoiem com apenas uma versão
distorcida das coisas; que esoalha o fato antes de todo mundo. Enfim. Esses
existirão sempre. O oposto, não, porque é difícil se manter coerente com leis
cristãs e/ou éticas diante de tanta esperteza.