20 de julho de 2012

A amizade

Hoje é o Dia do Amigo. Abrace e beije aquele que te atura, te ouve e até te ignora. Aqui, não terá nada disso porque amizade verdadeira mesmo é aquela que sobrevive às sacanagens da vida. Então, nada de mimimi e lágrimas teimosas escorrendo no canto do olho. Meu círculo de amizade inclui pessoas com PHD, inteligentíssimas e sérias. Só que não.

Após um breve período de apuração, eis o que sai nas rodas de conversa - com ou sem álcool.

1. Sou eu ou sôi ela que é assim?
2. Fiquei em dúvida se é chuveiro ou chuveiro porque chuva é adjetivo e é com u.
3. Bife de peixe.
4. Pecuária é de peixe, né?
5. Ela é a plantadora da discórdia!
6. Minha rua é afalstada, tá?
7. Eu já fiz novecentas e quinhentas ligações.
8. Ela não é amiga de mim não.
9. A profissão dele é..hum..ele é grafitista.
10. Acabou o latão de água.
11. Não faço questão de chuveiro eletrônico.
12. Es mái love.
13. Olha o passeio na roda!! (comandando uma quadrilha).
14. Para a pauta, tem que ser pai.. homem!


Como sou desmemoriada ética, não citarei nomes.

18 de julho de 2012

Primeiro encontro


O tal do primeiro encontro é torturante. Podemos comparar ao famoso corredorzinho da morte que os amigos do fundão da sala faziam na escola. Você se prepara para ele, marca carreira e vai. Depois checa se saiu ileso, se vai integrar a equipe ou se vai ter que ensaiar mais para ser estapeado novamente.

Dizem – não sei – que você ensaia tudo. O que vai falar, relembra sua biografia, promete que vai rir de forma comedida e mesclar momentos românticos com outros de desprezo, o que espera da vida, valores e princípios. Também não vai comer muito para não parecer que há anos não come, mas também não vai comer pouco para não ser antipática. Álcool? Só moderadamente. A roupa? Já está planejada há anos, assim como está escolhida a cor do esmalte.

Chega o dia, a mão sua, barriga gela..um caos. No meu caso, nasce espinha. Já percebi que ela nasce próximo à boca todas as quintas-feiras. Não que toda semana eu tenha um encontro, longe disso. Mas sempre tem algo (ou tudo) para fugir do combinado.

Uma vez, saí com uma pessoa que tinha carro e moto. Justamente no primeiro encontro, o que ela escolhe? Sim, moto. Combinou com São Pedro? Não. Chuva e moto e o resultado não foi nada bom.

Mas angustiante mesmo é o segundo encontro, pela possibilidade de não tê-lo. Porque se não tiver, lascou. Você errou do começo ao fim na primeira vez, usou o sapato errado. Deve ser aquela fase de se perguntar: “mas, gente, nem deu tempo de errar! O que raio eu fiz?”. Repensa, avalia as asneiras que falou, se recrimina por ter rido por bobeira, culpa a chuva ou o sol e, quiçá, a astrologia. Sem falar que você descobre que a culpada de tudo foi a roupa. SÓ PODE.

Mas, tão certeiro quanto o Santa Cruz ganhar do Náutico e do Sport, é que nenhum dos tópicos acima serão utilizados como justificativa para o não-segundo-encontro. Dizem que levar um fora dói. Não sei, mas pelo que escuto de algumas amigas contando and se lamuriando, deve ser terrível. Quando você acha que já ouviu todas as respostas, vem uma nova e mostra que o manual do toco continua se renovando.

Hoje soube de uma amiga que estava vidrada em uma pessoa. Tanto fez que ficaram. Não satisfeita, ensaiou durante horas uma mensagem de texto. Após repensar zilhões de vezes, enviou e deve ter esperado chegar o relatório de entrega. Ao contrário do que geralmente acontece – de você esperar horas, expedientes, dias ou até agora – a resposta foi imediata. O sujeito respondeu que estava com saudade....da namorada! Chororô.

Só consegui matar um caso, protagonizado pela minha irmã. Uma vez, ela foi ter o primeiro encontro e usou um perfume que odiávamos. Além do cheiro não muito bom, ele era forte, muito forte. Era do tipo que ela borrifava uma vez e eu corria para abrir as janelas e portas e tirar os cachorros de perto, além de usar uma máscara de oxigênio. Pois ela foi com ele, no carro fechado e com o ar condicionado fechado. Foi o primeiro encontro. E o último.

Mas como esquecer as clássicas? Não sei como é, mas tem gente que, só após alguns encontros, lembra dos objetivos da vida. “Quero ficar um tempo só, sabe?”, “Não estou na fase de namorar, sabe?”, “ainda estou envolvido com outra pessoa, sabe?”. Sei. Sei. Sei. Isso depois de você passar esse intervalo se perguntando como deveria/deve/deverá agir.

Não foi nenhuma das alternativas. É Santantônio, que ainda está de greve e deixou o estagiário de mecatrônica cuidando das fichas.
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