Falar sobre fé é algo delicado porque envolve o abstrato.
Classifico assim por ser um sentimento e, como todo ele, é difícil dar forma
física e palpável por meio de palavras. Tenho fé, sei disso. Mas também sei que
às vezes a questiono e desacredito. É contraditório e é erro meu, apenas. Por dar voz ao lado
humano – no sentido carnal mesmo, matéria.
Ontem um taxista me revelou que a filha, de 26 anos, está
com câncer de mama. Está terminando a quimioterapia para dar início à rádio.
Posso imaginar a dor dela e da família. Falei tudo o que acredito. Que há um
sentido, que Deus sabe o que faz e o peso que coloca em nossos ombros. Falei
com verdade mesmo. Realmente acredito que nada acontece por acaso. Que nunca
foi à toa o sofrimento e nem as alegrias.
Às vezes, pergunto: tenho essa fé mesmo? Será que se algo de
mais duro me acontecer, saberei respeitar e aprender com a dor?
Deus, embora uns creiam ou não, uns vejam ou não, se mostrou
presente também nesse final de semana. Estávamos andando pelo Derby quando
vimos uma cachorra mancando. Comecei logo a me aproximar. Ela tinha uma faixa
enrolada na pata e não andava bem. Na mesma hora, um carro foi encostando para
resgatá-la. Que alegria poder ajudar no resgate de um animal que estava com
dor. Era só olhar sua expressão e perceber como ela estava perdida e precisando
de ajuda.
Não que Deus precise me dar provas. Mas é sempre bom receber
um alerta desse para me lembrar que jamais devo perder a fé ou duvidar do que
sinto!