20 de agosto de 2012

Murphy no encontro


Se você não conhece Lei de Murphy, parabéns. Você é praticamente um bilhete de loteria, um golfinho no mar de Boa Viagem. Eu já tenho uma relação íntima com ele, Edward Murphy. Chamo-o de Mur Mur (pronúncia: Mãrmãr).  Sinto quando ele vai chegar junto e já me preparo para recebê-lo. Domingo é um dia naturalmente estranho. A única certeza que você tem é que vai passar Faustão e que é deprimente. No mais, é um mix de tédio, ansiedade e medo da segunda-feira.

Ontem podia ser um assim, mas não. Foi além. Bem além. Acho que já falei aqui do primeiro encontro, e agora falo do segundo. Você estar sem dinheiro durante a semana e escolher qual conta vai pagar este mês, ok. Mas emoção mesmo é sair pra um primeiro e segundo encontro no mesmo final de semana com a conta no negativo. Com uma pessoa que tem dinheiro, etiqueta e deve ter frequentado aulas com Danuza Leão.

Em primeiro lugar, a dignidade. Você recusa que a pessoa pegue você em casa, se garantindo que domingo é meia passagem. Sem falar que bora pensar no meio ambiente, no livre trânsito que o dia proporciona e etc. Conte o dinheiro, calcule e pronto. Tudo certo. Vai lá. Desce na parada e anda alguns quarteirões, mas devagar, que é pra não chegar suada. Faz a linha.

Chega à casa da pessoa, que tem uma bela decoração, copos para os variados tipos de bebidas: vinho, licor, cerveja, água suja, água natural, sem gás, blábláblá. O petisco? Fiquei “na chón”. Nunca mais me orgulharei das calabresas, farofa e fritas que faço em casa para receber as amigas – lisas também.

O molho anunciado para o almoço soou estranho. Só entendi a parte do tomate. No mais, fingi conhecer e fiz cara blasé, como uma pessoa que já está habituada a esses tipos de ingredientes. Mas tão acostumada que já enjoou. Falando em refeição, não se ofereça para preparar a mesa. Não se, assim como eu, você não fizer ideia de qual posição deve ocupar o garfo e a faca. Caso já tenha se oferecido, como eu, finja que se esqueceu de continuar o serviço e se distraia com alguma coisa, como a quantidade de souvernir que tem na casa das inúmeras viagens que realizou (e você só tem uma estátua pequena do Cristo Redentor). Por alguns motivos, não almoçamos. Pensando bem, pode ter sido bom. Vai saber como eu ia encarar o macarrão? Ops..massa.

Murphy, cavalheiro que é, me acompanhou até chegar em casa. Ônibus na volta e alguns remédios comprados, menos dinheiro no bolso. No caminho, já perto de casa, você tem uma crise de tosse. Mas é daquelas que te deixam vermelha, com olhos marejados, sem ar e todos os passageiros olhando para você. Desci correndo para comprar uma água (mais dinheiro que coloquei em circulação). Preciso dizer que perdi o ônibus? Que passei mais 30 minutos esperando outro? Que fiquei mais lisa ainda? E que uma criança vomitou do meu lado?

15 de agosto de 2012

Dia do Solteiro

Não bastando existir o Dia dos Namorados, o encalhado ainda arruma outro dia pra lembrar a má fase do amor: Dia dos Solteiros. Pra quê, Deus do céu? O dia a dia não já samba na sua cara te mostrando que todas-as-suas-amigas-são-felizes-resolvidas-e-amando-até-os-pássaros?

Não basta voltar solteiro de festa, não ter pra quem mandar um sms bêbado, suspirar ou esperar por algo que não vem ou lembrar do que nem aconteceu. A tortura vai além. Antes fossem chicotadas, serviços braçais, mas não. É aquilo que gelol não resolve. Talvez funcionem uns dramins ou um abridor de apetite que tomei ontem e que me fez quase desmaiar. Você apaga e nem tem tempo de se lamuriar.

Mas, se tem algum affair na área, arrisca. Já tem um gancho. Vai lá, manda aquela cantada, perde o tímido medo do ridículo e tenta a sorte. Sim, sou a favor! Vai que consegue um ‘chopp gelado e um amor inesperado – inesperado amooorrr’?! Dá tempo ainda.


Não convenci? Escuta o conselho de Vinícius e Baden dizendo que ‘o amor só é bom se doer’.

1 de agosto de 2012

Casos e causos


Ontem, durante conversa com amigas percebi que meu histórico de  ~pé na bunda ~ começou desde cedo. Lembro que tinha um programa de paquera em uma rádio. Toda as tardes eu estava lá colando meu ouvido no radinho de pilha. As pessoas ligavam para a produção, descreviam o interesse e disponibilizavam o número. Essas informações iam pro ar. Menos as minhas. Ligava, ligava e acho que a produção começou a fazer por implicância.

O papo se estendeu nas lembranças de amores horríveis fracos de feição. Hoje é que vemos isso e choramos...de rir. Na época, o chororô era real. Bastava tocar All by myself e a lágrima começava a escorrer, junto com as páginas do diário arrancadas enos identificávamos com Malhação. O ursinho de pelúcia, coitado, ficava morria afogado. A vantagem é que, naquele tempo, a gente não perdia o apetite e não mandava sms ou whatsapp.

Lembro que eu namorava um garoto no ginásio chamado Edmário. Lembro uma vez que ele chorou na sala de aula, mas, claro, não foi por mim. Foi para a professora que entregou a prova dele com a nota 5. Eu, acostumada a ver notas mais baixas que isso, nem me incomodei. Lembro que andávamos pelas ruas de Maranguape II e admirávamos a beleza daqueles puxadinhos com a tinta descascando. Não lembro quanto tempo durou e também não tenho mais contato com ele.

E Isaldo? Como éramos pequenos, ele era chamado de Isaldinho. Ele ficou apaixonado por mim e eu, mais preocupada em ouvir Cavalo de Pau cantar “minha estrelinha no céu”, nem dei bola para ele. Ele era um negão, tinha um sorriso lindo. Quando íamos brincar de se esconder , à noite, ele tirava a camisa e ficava no mato. Naquele breu todo, ninguém achava que ele estaria ali. Pimba! Ele era o primeiro a bater, sempre ganhava.

Teve outra vez que gamei em Henrique. Fiquei com ele em um show e ele não tinha, digamos, hálito fresco de Colgate. Ele também passava longe de ser bonito. Tinha umas feições desproporcionais e uns gestos suspeitos. Isso para mim não importava porque o perfume dele era ‘entorpecentemente’ bom. Ligava – do orelhão – insistentemente para ele. Só chamava e ele dizia que era porque deixou o celular no raio que o parta. Outro toco. A satisfação foi vê-lo a-ca-ba-do dias desses. Estou valorizada.

O mais marcante mesmo foi Guto. Ficamos duas vezes: na primeira, quando nos conhecemos e na segunda, quando me pediu em namoro. Namoramos 15 dias. Nos vimos nenhum dia. Passou o primeiro final de semana e nada. No segundo, eu resolvi acabar. Sim, eu precisava ligar e acabar, considerando que ele estava levando super a sério o namoro.

Casos assim até passam. Problema é que a memória fica. Geralmente, a da amiga. Tenho duas que, quando começam a se ameaçar, uma dispara “vai continuar? Só falo um nome para você Pablo.” Pronto. Encerra a discussão. Minha irmã, que não pode ser citada no blog, namorou com um que apareceu com uma calça de veludo verde. Não era qualquer verde. Era aquele tom abacate. O namoro não vingou e esperamos que ele, er, tenha melhorado um pouco mais o gosto.

Portanto, a lição que fica é: não chore muito porque, logo em seguida, você vai se arrepender. Ou, se não resistir, não apresente para sua amiga, não tire foto e, principalmente, não adicione como amigo no Facebook.
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