13 de agosto de 2018

Música e memória




Meu primeiro cd pirata foi o de Terrasamba. Era uma febre porque a gente-podia-ter-nosso-artista-em-casa-por-uma-pechincha!!!!! E assim vieram mais. Nem lembro quais foram.

Fato é que estava na Noite das Meninas, famoso evento aqui em casa, e colocamos na tv algum show de Roupa Nova e, em seguida, tocou Fábio Jr. Aquela bad, né? Lembrei de uma época (rara, bem rara rsss) de aperto de vida que passamos.

Já deve ter em algum post aqui, mas a casa era sofrida e nós também éramos, embora também houvesse muita alegria. Eu colocava esse bendito dvd - e também um de Isabela Taviani - para tocar na apertada e aquecida tv da sala. Isso era um estímulo para fazermos uma renda extra lá em casa. A gente, que nem computador tinha, digitava formulário de carteira de estudante. Não tinha fim. Os papéis brotavam e, graças a Deus, nossos braços continuaram inteiros. 

Não lembro ao certo, mas parece que cada formulário valia uns R$00,20. Isso mesmo, população. Uns vinte centavos. Foi trabalho, viu? Até vovó, quando ia para lá, digitava. Cada um colaborava um pouco e ajudou a custear alguma coisa - mainha lembrou agora que a grana cobriu três meses da faculdade dela.

Deu um saudosismo agora. E olhe que nem era um tempo de ápice de alegria. Se bem que ninguém vive uma eterna felicidade, assim como a tristeza. Nesa época, cada centavo era uma comemoração. Não tínhamos internet, tv fechada, balcão inteiro na cozinha, porta no banheiro. Ah, não tinha banheiro. O cadeado das portas principais podiam ser abertos com um espirro.

E nada de mau nos aconteceu. Passamos por essa fase, por outras e estamos em mais tantas. Mas algo me prende a cada fase. É algum tipo de saudade. Uma soma de dor com vontade de voltar e ficar um tempinho lá nos vendo viver. Do jeitinho que era.
© Tacyana Viard 2012 | Blogger Template by Enny Law - Ngetik Dot Com - Nulis