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Doação
12 de setembro de 2017
Doação II
27 de agosto de 2017
O lar
"Encontrei meu lar em você". Vejo tanto essa legenda e acho até que tem música falando isso. Facilmente eu postaria, já que encontrei várias pessoas neste vida que me deram lar em seus corações e abraços. Namoro, amizade, família, cachorro. Meus lares.
Mas, como a crise dos 30 continua aqui, estou pensando ultimamente em uma coisa: por que não somos lares de nós mesmos? Por que esperamos o convite (ou não) para que outra pessoa nos acolha e nos ajude a organizar nossos próprios desejos, anseios, medos? Que segurança é essa que colocamos no outro?
Claro que há abrigos permanentes, longos ou tão rápidos quanto uma reserva no Airbnb. Mas e nossa casa? Quando pensamos nisso, vem à mente as cores da decoração, qual estilo, pallet, luminária, se vamos ter algum amigo de estimação..Mas e a gente?
Óbvio que acredito que muitos já pensaram nisso, encontrando ou não a solução. Isso me inquieta agora. Na minha adolescência, marcada por inúmeras mudanças de casa física, tivemos que transformar espaços em lares. Não tínhamos outra saída ao olhar um espaço dividido e, por muitas vezes, deficitário e feio. Era ali que iríamos morar com a baixa renda que tínhamos. Não adiantaria ir a algum lugar incrível, bem localizado, mas sem ter a tranquilidade das contas pagas e comida na mesa. Assim, vivemos alegria e tristeza em apartamento no térreo e sem segurança alguma e casa com um cano aparente atravessando a sala e também sem proteção. Mas tivemos momentos incríveis, inclusive um banho de piscina (aquelas de mil litros) com toda a família e os petiscos que estavam a nosso alcance. Foi incrível.
Mas percorrer esse caminho para o campo pessoal parece mais difícil. Talvez por ser uma estrada de mão única, embora não percorramos só, talvez porque doa ou talvez por preguiça. Parece mais fácil chegar no lar de alguém. E aí perdemos o chão quando essa pessoa nos falta, sentimos a inconsistência do solo ao ter o território (ancorado no outro) minado.
Enquanto isso, nossa base está aqui esperando pelo "mãos à obra". O texto deve ter parte II pela complexidade que nem tenho domínio ainda. É minha meta mais próxima e, até lá, espero ter entrado em mim e começado a ver o tanto de coisa acumulada, a abrir as janelas e me tornar acolhedora para mim mesma e continuar recebendo os outros que já moram aqui.