13 de abril de 2011

Brincamos de Deus

Perto de completar 19 anos, nossa poodle Negrita morreu. De velhice, como sempre pedimos a ela. Não queríamos acompanhar o sofrimento e a luta pela sobrevivência caso ela adoecesse. Ela veio deixando de comer aos poucos e, quando parou mesmo, a levamos à clínica. Internada imediatamente. Estava desidratada e seria submetida a exames para descobrir a causa da falta de apetite. Continuou no soro no dia seguinte, mas sem se alimentar. A médica nos alertou e começamos a levar a sério a eutanásia.

Diante do quadro, faríamos no próprio sábado, mas a clínica preferiu esperar mais um dia, já que ela havia se levantado. Domingo: nada de comer. Mesmo pedindo para esperar, fomos vê-la. Estava fraquinha, cansada. Optamos pela eutanásia no mesmo dia. Tive que conversar com o médico e assinar termo de responsabilidade. Eles queriam esperar pela segunda, mesmo confessando que o destino seria o mesmo.

Foi a parte mais difícil optar pela eutanásia. Dói decidir o fim de uma vida. Muito. Mas, entre lágrimas e muitas lágrimas, cheguei à conclusão que brincamos de Deus. Ele nos deu a chance de ser Ele em um final de semana. Como? Provando que discordamos de muitas coisas que não entendemos, mas que tem uma razão muito nobre que ainda não conseguimos enxergar. Foi o caso de Negrita. Tê-la ao nosso lado, ainda que sofrendo, ou deixá-la partir para descansar? Nosso egoísmo ou o bem dela?

Optamos pelo bem dela, mesmo partindo nosso coração. Escolher a eutanásia foi sacrificante. As lágrimas nos impediam de falar, mas sabíamos que era a decisão correta. Era hora de retribuir tudo o que ela fez por nós (são apenas cinco anos de idade que me deixam mais velha que ela). Também fizemos muito por ela também – não era fácil limpar a casa várias vezes, lavar lençóis e colchões dela, dar banho, amolecer a ração, ajudar a levantar, deixar o rádio ligado e afins. Obviamente, isso tudo foi feito por puro amor. E foi por puro amor que deixamos ela ir fisicamente. Ainda chegamos em casa controlando o ímpeto de ir atrás dela, ver se comeu, se está limpa.. Negrita continua em cada cantinho da casa, no nosso coração e no pensamento.

Brincamos de Deus. Provamos nosso amor libertando-a.

p.s: mãe, Taty e outros que choraram:nada de lágrimas. Pensem por esse lado, é mais consolador.

p.s 2: porra, Nega, vou passar o resto do ano pagando as despesas da clínica?! Tinha que ser você mesmo, né? (fazemos essa brincadeira porque ela sempre nos deu despesa. Ela entende)

p.s 3: quero brincar de Deus mais não. Estilei.

Por fim, o que ela gostava de fazer. Mas só um pouco.

3 de abril de 2011

Nosso Santa

Quando o Santa Cruz ganhou do São Paulo, vieram questionar o motivo de minha alegria, considerando que o gol que nos deu a vitória foi contra. Perguntaram se sou louca, se não tenho o que fazer blábláblá. Ia responder, mas já havia esfriado o assunto. Como hoje requentou, voltei a ele.

Não conquistamos o título. Ainda. Garantimos nossa vaga na Série D - sim, é a última. E é esse o motivo de outros torcedores, principalmente os rubro-negros, nos questionar: por que essa alegria toda? Então, vamos explicar.

O Santa Cruz vive um momento glorioso que há tempos não presenciávamos. Cheguei até a escrever aqui no blog sobre a tristeza que era ir ao Arruda e ver o time perder. Nós, tricolores, sabemos o que precisamos suportar até chegar a este momento.

Hoje, estamos classificados para o quadrangular do Pernambucano, disputamos a liderança e, de quebra, estamos na Copa do Brasil. Até aí, nenhum título, né? Então, vamos falar de patrimônios imateriais: garra, paixão, torcida e humildade. 

Começamos o campeonato como o patinho feio do Pernambucano. O elenco foi ganhando força, Zé Teodoro apostou nos meninos da base e fez o trabalho sem precisar alardear. Foi quieto, mas foi montando esse time de guerreiro. Isso fez uma diferença danada contra o São Paulo, que obviamente, tem mais qualidade que nós. Dizem que foi sorte porque não fizemos o gol. Pode ser, mas duvido muito. O Santa Cruz não se calou. Jogou muito bem, marcou melhor ainda. E repetiu isso hoje, contra nosso maior rival: Sport.

Com dois gols de Gilberto, batemos o Sport na Ilha do Retiro. E o que isso tem demais? Muita coisa. Calamos quem se diz maior torcida do Norte e Nordeste, quem tem não-sei-quantos-títulos-do-pernambucano, um da Copa do Brasil...mimimimimi. Nós, que não tínhamos divisão, que só vínhamos na rebaba, estamos na liderança. E, se os três pontos vêm do Sport, melhor ainda!

E a torcida do "Clube querido da multidão"? ''Maior público do ano no futebol brasileiro", disse o Esporte Espetacular sobre o jogo contra o São Paulo aqui. Lembram do "nunca vou te abandonar''? Então! Não abandonamos esse time por nada. Portanto, se estamos na alegria, deixem-nos retribuir tanto carinho que recebemos quando estávamos no fundo do poço. Não estilem. Chegou nossa vez de gritar: #CHUPACOISA, vestir o manto tricolor, nos arrepiar revendo os jogos, lacrimejando ao ver a torcida, nos encher de orgulho em matérias nacionais. Sem delongas: deixem a gente ser tricolor.

É disso que falo:




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