Eu pedi ontem para que a Lei de Murphy estivesse fora do meu caminho. Mas o efeito foi contrário. Do abrir dos olhos ao adormecer, minha paciência e humor foram testados.
Você acorda pisando com o esquerdo quando nenhuma roupa veste bem em você, mesmo que você já a tenha usado várias vezes. Mas, ok. Respira, veste e se conforma quando decide que tem que renovar o armário com uma numeração menor. Calça o All Star e não consegue nem levantar devido a um calo. Troca o tênis e nenhum ajuda. Por fim, vamos de rasteira mesmo. Dói do mesmo jeito, mas simbora. Desci e, da portaria, você vê que chove muito. Sobe para pegar sombrinha e um chinelo e volta para a porta do elevador. Quando ele chega, lembra que a sombrinha ficou na cama. Volta ao quarto e pega, e já troca logo a sandália. Desci, finalmente, e sol! Cadê aquela chuva?
Na parada, uma senhora, que não sabe lê ou não enxerga bem, está lá. Já a conhecemos. Todos foram embora e fiquei só com ela para esperar ela pegar o ônibus dela. Enquanto isso, coloquei a rasteira de novo. Obviamente, passaram dois meus. Chegou mais gente na parada e não a deixei só. Peguei o meu ônibus e o dela vinha atrás. Ufa. Desço na frente do trabalho. Deveria. O motorista, desatento, passou. Eu, na porta traseira, fui mancando até ele (e o ônibus é o articulado) e:
Eu: Motorista, você queimou a parada?
Ele: você ia descer?
(queria dizer: não, apertei porque tô malhando no ônibus)
Eu: sim, ia. Inclusive, a luz do seu painel está acesa.
Voltei mancando e desci. Manquei mais algumas quadras e cheguei ao trabalho. O dia foi até normal. Quando fui embora, fiquei esperando o elevador. Esperando, esperando..até lembrar que está com defeito: teria que descer até o 11º e acioná-lo de lá. Fiz. Era a única e comecei a ler o livro. Chegou mais gente e mofamos esperando. Quando o elevador veio, todos entraram, desrespeitando a ordem, e me deixaram com cara de mané. Esperei de novo e veio lotado. Desci pela escada.
Fui para a parada e vinham dois ônibus da mesma linha. Você pega o primeiro porque o outro com certeza queimaria a parada. Mas é claro que o primeiro é sempre cheio. Desci e fui para casa achando que meu dia acabaria. Mas aí o porteiro me avisa: "seu elevador está quebrado". "Não! Mentira, né?". "Verdade, e tome suas cartas", diz ele. Respondo: "pois fique com elas que tô na rua". Saio, compro Doritos e refrigerante e vou para um dos bancos. Vi que tinha um papel colado em um deles. Desviei e fui em outro. O mesmo papel: "tinta fresca". Chão, aí vou eu.
Sento na humildade quando um skatista resolve perambular na minha frente. Virava uma página do livro e ele passava; virava outra e ele voltava. Desisti e recuei mais um pouco. Depois de compartilhar no Facebook minha situação, mainha liga:
Ela: Tacy, você tem a chave da área de serviço
Eu: Mãe, não tenho
Ela: Tem sim. Na outra vez foi a mesma coisa. Pegue na sua bolsa.
Eu: É verdade! Achei! Vou subir
Subi e...fóm. São duas fechaduras e eu só tenho a chave de uma. Tentei ligar para ela, mas o celular estava sem sinal. Taty chegou e não a vi entrar. Depois, subi e a porta da área de serviço estava fechada. Bati, bati e ela abriu: "Por que tu não subiu pelo social? Já está funcionando e eu pedi pro porteiro te avisar".
Teve mais um fator, mas vai ficar guardadinho para mim.
Corri. Jantei rápido, conversei rápido com mainha e Taty e voei para o quarto para encerrar o dia, finalmente. O dia não amanheceu melhor, mas Murphy que não cruze meu caminho hoje!