1 de abril de 2012

Síndrome da riqueza

Não sei se acontece com vocês, mas tenho a mania de me achar rica quando vou viajar. De avião, que fique claro. Duvido alguém querer gastar em lojas (tem?) no TIP. A ladainha começa na fase que antecede o embarque. Nem falo de escolher as melhores roupas porque isso é óbvio. Mas shampoo, perfume, hidratante, desodorante e afins, só dos melhores.

No aeroporto é que aflora mesmo a síndrome do emergente social. Já chego com mais antecedência que o necessário só para passar na livraria. Acho fraca a que tem aqui, mas dá para fazer compras, de Contigo! a Exame. Geralmente, compro livros - nesse caso, não preciso viajar para isso. Somemos a isso o fato de a pessoa nem sempre sair para tomar café, ate porque o calor do Recife não ajuda. Mas no aeroporto? Claro! Um capuchino grande, por favor. Ah, e uma fatia de bolo de rolo. A conta sai caríssima. No mínimo, uns R$ 15 só por esses dois itens. Mas quem se importa? Vou viajar!

No avião, não adianta. Você pode ser rico, pobre, executivo, muambeiro ou cantor. Todos ficam com a mesma cara inchada e cabelos amassados quando desembarca. E também ninguém tem prioridade na insuportável esteira de malas.

Eu acho que pirangagem não combina com viagem, só na rima da leitura. Se vai viajar, tem que ter dinheiro para conhecer os lugares, os pontos turísticos. Não adianta ir e ficar em casa. Mas também não precisa esbanjar. Er...não precisaria ir ao centro e comprar coisas que você compraria aqui pelo mesmo valor. Eu não tinha que ter ido ao Rio, por exemplo, para comprar bolsa e cintos. Também não precisava comprar mais livros e, menos ainda, pagar contas sozinha. Não, essa gentileza foi necessária. Também não precisei esnobar o valor das passagens de ônibus, barca e metrô. Não calculei, mas deve ter sido altíssimo, embora indispensável.

Quando você vai embarcar de volta, a síndrome da riqueza vai embora. A mala fica entupida e a bagagem de mão aumenta consideravelmente. A classe vai embora. Fica apenas o adjetivo de "econômica", que é a a classificação do voo. A arte de juntar todos os bagulhos, colocar no compartimento ou embaixo da poltrona da frente destrói a elegância. O desembarque, então, nem se fala. É só chegar no carro que você já tira o calçado e dá aquela respirada de alívio. Pouco tempo depois, você vai conferir seu extrato bancário e entra em pânico.

Estou em pânico.
© Tacyana Viard 2012 | Blogger Template by Enny Law - Ngetik Dot Com - Nulis