Foi esse o pedido que mainha me fez ao ouvir minha ~opção sexual. Talvez choque e você leia já sentindo revolta e preparando os dedos para um comentário caprichado. Mas espera um pouco. Lê até o final.
Nós agimos de acordo com os recursos internos que temos e nem nos damos conta disso. Chorando, mas cheia de amor, ela me ouviu e tacou o pedido. Nunca havia convivido com o assunto, menos ainda tão dentro de casa. Tudo era novo. Pra mim, pra ela, pra minha irmã.
Cada uma viveu seu silêncio, pensamento, dor e outros sentimentos. Tudo para que hoje eu pudesse dizer tudo aqui e com essa segurança.
O assunto veio à tona hoje, enquanto tomávamos café da manhã. Eu nunca havia esquecido o pedido, que sempre cumpri sem sacrifício algum. Mas ela hoje perguntou se assisti ao documentário pernambucano "Bichas". Não, não vi.
Então, ela me disse "lembra que eu te pedi para não se vestir como homem? Então, queria pedir desculpas porque não quis limitar você. Vi depoimento de rapazes super infelizes, não podiam ser quem eram e não quero ter te causado isso".
Não precisou pedir desculpas porque não me causou dano algum. Mesmo que tivesse, merecia todos os perdões possíveis. Mainha e sister procuraram conhecer o ‘assunto’. Leram, procuraram ajuda, ouviram conselhos, se questionaram, aceitaram e me amaram.
O texto aqui não é por oportunismo, demagogia, nada. Que possa, na verdade e pretensiosamente, inspirar um pouco mães, pais, vós, vôs, primos, conhecidos, conhecidas. Despertar para o poder do amor, do respeito ao outro, à liberdade que todos temos. Homem, mulher, homem que se veste como homem ou como mulher. O contrário, o misturado, o que for. Ser quem é. E isso não é fácil MESMO. Mas fica muito mais leve quando seu entorno se permite conhecer o novo com você.