Ontem, ao visitar minha avó paterna, que tem Alzheimer e
Parkinson tive um leve choque ao perceber o quanto o esquecimento dela se
agravou. Perguntou quem eu era e disse que nem filho tinha – o que não
justificaria eu afirmar ser neta dela. No tempo de comer um pão com ovo.
Segundo os médicos, ela vive mesmo essa realidade. De fato acredita morar com os pais e ser mais nova que todo mundo. O ideal, diante disso, é não contestar para não gerar estresse nela. É desnecessário, até porque ela acaba esquecendo logo depois.
Ela disse que sabe arrumar a casa e cozinhar como ninguém. Sobre o Carnaval, disse que os pais dela não permitem que ela vá para a folia. Ficou em choque quando ~descobriu~ ter 96 anos.
Segundo os médicos, ela vive mesmo essa realidade. De fato acredita morar com os pais e ser mais nova que todo mundo. O ideal, diante disso, é não contestar para não gerar estresse nela. É desnecessário, até porque ela acaba esquecendo logo depois.
O que não pode apagar em mim é o alerta do quanto somos
efêmeros, instantes, hoje. Revi todos os vizinhos de vovó, que se espantaram
porque “tão duas moças enormes”. Eu, particularmente, não lembrei de uma parte
do pessoal, mas minha irmã arrasou na memorização. Revivi, na verdade, momentos
naquela calçada. Tudo lá e na casa parceria maior, gigante, inalcançável. Ontem,
as dimensões estavam reduzidas.
Damos (eu dou) proporções enormes a situações que podem
facilmente ser administradas porque dependem apenas de nós. E geralmente
sabemos o certo a fazer e a sentir. Mas lidar com o que foge e nossos dedos,
isso sim, é desafiador.