6 de julho de 2020

Rádio

Acho que pessoas com menos de 20 ou 25 anos não vão entender o sentimento deste post. O grande astro do texto é o velho e bom rádio de pilha. Siiiiiiim, esse equipamento de pilha incrível que embalou vários momentos de gerações e foi, por um bom tempo, o veículo mais rápido a noticiar as coisas (#chupainternet). Esse tema me veio à mente depois de ouvir um programa na Rádio Cidade, de Caruaru, nesta noite.

Fone de ouvido nem era considerado na época. A graça mesmo era colocar o rádio no ouvido (por isso colo meu ouvido num radinho de pilha) e sentir as vibrações. Ele, inclusive, era o grande companheiro dos torcedores nos estádios e completava a atmosférica futebolística. Não sei se continua ou se também foi substituído pela transmissão via celular, o que evidentemente não é o mesmo ritual. Cadê a arte de girar o botão ouvindo aquele grunhido até sintonizar? E subir a antena para melhorar o som? 

Crédito: internet

Eu sempre gostei de ouvir música e, antes dos reprodutores e streams, era ele a fonte. O mais moderno depois dele era o rádio-relógio, que me permitia saber o top dez das paradas de sucessos da época. O radinho era companheiro, mas eu não tinha dinheiro para comprar e manter um, afinal tínhamos que trocar as pilhas constantemente. 

Acompanhar o programa hoje, em plena noite de domingo, me fez voltar uns vinte anos. Fui direto para um dos auges da crise financeira em minha família. Morávamos de favor na casa de uma tia e, diante do espaço, dormíamos na sala. Nessa época, eu a-ma-va colocar o rádio que meu tio emprestava embaixo do travesseiro e dormia ouvindo aquelas canções românticas e em inglês. Eu não entendia nada, mas as traduções/declamações me faziam sentir todo o clima de amor, mesmo sem eu ter um. Na época, acho que gostava de Diogo, galã da escola e que nunca notou que passei a colocar batom vermelho por ele.

Lembro que dormir enquanto ouvia o locutor e as músicas era um dos meus momentos mais felizes nesse período. O tempo mudou e hoje, que poderia comprar um rádio, não o tenho. Continuo ouvindo música e, quase sempre, adormeço enquanto algum artista canta para ninguém, pois durmo na metade da primeira canção. 


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