26 de julho de 2020

Quarentena

Mais de quatro meses em confinamento e não consigo chegar a uma conclusão de como estou ou sairei dela. Esse questionamento sempre fica sem resposta durante as sessões de terapias iniciadas durante o isolamento. Os planos, coisa rara para mim, ficaram pelo caminho antes mesmo de a pandemia se instalar aqui no Brasil. Não posso nem usá-la como desculpa para o abandono dos objetivos.

Enquanto isso, tenho feito coisas que nem cogitava, como malhar (ok, optei pelo nível de iniciantes no aplicativo, mas já comprei colchonete esportivo) e participar de um programa de meditação. Ambos exigem disciplina, um defeito gravíssimo que tenho e sempre ignorei. Agora, como boa parte das desculpas foi embora (ausência de tempo, trânsito, custo...), precisei olhar com atenção minha falta de comprometimento e envolvimento com algumas coisas.

Fiz a inscrição em três cursos e evidentemente eu não ia conseguir dar conta deles. Fato. Precisei escolher e me dedicar a um e assim o fiz. Cumpri toda a carga horária do Reaprendizagem Criativa e, apesar de algumas aulas serem exaustivas, foram bem prazerosas e ricas. O certificado vale muito mais que a inclusão no currículo. Assisti a várias lives, de sertanejo a palestras sobre feminismo e questões raciais.

Também voltei a ler livros. Talvez até tenha batido a meta mensal que estipulei no começo do ano, mas não estou me atendo a isso. Li alguns pfds e descobri que meu pacote de internet dá direito a uma obra digital por mês. No entanto, o que realmente me fascinou foi receber livro em casa e poder, depois de uns dias isolados, folhear, sentir a textura e ter pena de abrir ou dobrar as folhas.

Descobri ainda que podemos consumir dos pequenos. Baseei minhas compras nos mercados, quitandarias, papelarias e padarias de bairro. Ah, vendedores de quitutes congelados e de cerveja também entram nessa relação. Capinei, troquei tela das janelas, montei cadeira de escritório, matei mosquitos, mudei posição do quarto, , ganhei calos nas mãos de tanto usar o rodo para passar pano e ressequei os pés, quando ainda deixava eles em contato com a água sanitária – que, aliás, manchou algumas roupas nesse período.

No mundo lá fora, mais de 86 mil mortes. Um número muito maior de pessoas chorando suas perdas e tendo suas dores questionadas, menosprezadas, diminuídas e desrespeitadas por um desgoverno desumano e desonesto (des, des, des) e pelos seus seguidores. Às vezes é melhor só olhar para as coisas da casa mesmo como forma de respirar e respeitar essa sociedade doente.


0 Comments:

© Tacyana Viard 2012 | Blogger Template by Enny Law - Ngetik Dot Com - Nulis