15 de junho de 2008

Escravidão no Brasil

Esta semana estava vendo televisão e parei para assistir a uma reportagem na Record. O programa abordava a existência de trabalho escravo no interior do Pará. Por dentro da mata, havia um espaço (que não se pode chamar de casa ou algo do tipo) onde os trabalhadores escravos se alojavam. Lá, homens e umas duas mulheres dividiam o lugar com redes estendidas, panelas sujas e vazias e com a falta de limpeza. O serviço era transformar a área em pasto. Para ter ferramentas, roupas e alimentos, essas pessoas compravam do patrão, que superfaturava os produtos e, como não tinham como pagar, compensavam com o trabalho.

A equipe da TV chegou antes do resgate realizado pela Polícia Federal e acompanhou a luta, a dureza e a falta de esperança dos trabalhadores. As mãos calejadas, roupas sujas e rasgadas, arroz como única refeição, café aguado e a falta de água potável foram registradas. A cidade mais próxima dali fica numa distância de 13 horas. Quando alguém adoecia - o que era comum diante da falta de alimentação e o alto grau de esforço para desmatar - os companheiros arrancavam duas toras de madeira, amarravam um pano e carregavam o doente até algum lugar mais perto para tentar conseguir uma moto para levá-lo ao hospital.

Quanto tentavam fugir, eram intimidados e sofriam ameaças por parte do dono (ele, aliás, ofereceu, através de seu capataz, uma quantia de R$ 500 para se calarem para a polícia). Um dos trabalhadors conseguiu fugir e teve que andar 13 dias para chegar à cidade próxima dali.
O dono, orientado pelo advogado contratado, foi entrevistado e usou como argumento sua ignorância. Diz ele que não sabia que isso caracterizava o trabalho escravo e que ele cresceu nas mesmas condições e, por isso, achava normal. Afirmou ainda que tudo o que a justiça determinasse, seria cumprido.

O que nos intriga, no entanto, é: para defendê-lo, procurou um advogado, mas para abrir sua empresa ele não procurou se informar! Qual o motivo?

O Brasil aboliu o trabalho escravo ha 120 anos e ainda encontramos pessoas que precisam se submeter a essas condições de trabalho para garantir o mínimo de alimento ou para "comprar uma bicicleta", como disse um dos escravos à filha.

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